Ele defende a imposição de um percentual elevado, que poderia chegar até 80% das vagas da Ufac para os estudantes locais, deixando 20% para ser preenchida pelos candidatos de outros Estados. O governador Tião Viana vai mais longe e propõe que destes, 80% das vagas para o Acre na Ufac sejam destinadas a estudantes do interior do Estado.
“Com o fim do vestibular e a adoção do Enem como o critério para o acesso à universidade aumentou a concorrência, e o vestibular local, que permitia aos acrianos esta possibilidade mais palpável, simplesmente, ficou mais distante”, justifica o governador.
A posição do governador, na verdade, reflete o sentimento de injustiça que paira entre os estudantes do Acre, que se sentem prejudicados pelo critério do Enem que beneficiou os concorrentes de outros Estados.
O estudante José Eduardo Martins, por exemplo, alega que se dedicou muito aos estudos durante todo o ano de 2011, fez uma boa prova, mas não conseguiu a pontuação necessária para a classificação. “Se fosse o vestibular comum eu estaria bem classificado e poderia ter entrado na universidade este ano”, afirma.
A mesma posição tem a estudante Isadora de Araújo Melo, ex-aluna do Meta, que se acha também prejudicada. “O exame não foi difícil, o problema é que o número de concorrentes passou a ter uma competição nacional, e isso fecha demais o cerco para a gente”, lamentou.
A maioria dos estudantes de outros estados que se classificam para um curso na Ufac acaba pedindo transferência para seu estado de origem, o que prejudica ainda mais o processo para os acrianos e a própria universidade, que fica com bancos ociosos.
Conselho Universitário
O governador Tião Viana chegou até a discutir o tema com a reitora Olinda Batista e com o ex-reitor Jonas Filho. Olinda acha que este fato era esperado, pois a posição do MEC é estabelecer uma isonomia nacional na concorrência, dando oportunidades iguais para todos, o que realmente prejudica os pequenos estados.
Jonas Filho concorda com o governador e acha que o sistema de cotas, se fosse aplicado, já teria dado oportunidades mais concretas a muitos estudantes do Acre. Ele também faz coro com o governador quando defende que o assunto deva ser debatido pelo Conselho Universitário.
Sobre isso, aliás, o professor da Ufac, Lauro Julião, também ex-reitor da instituição, chegou a defender a mesma tese junto ao Conselho Universitário, o que poderá uma discussão inevitável no seio da academia.
“Espero que este resultado de 2012 seja razão para uma séria reflexão sobre a situação que, se continuar assim, vai deixar os estudantes do Acre cada vez mais distantes do sonho de ter um curso superior”, disse Tião Viana.
Medicina lidera média em cursos da Ufac
O curso de Medicina, como todos os anos, liderou o ranking de média nos cursos da Universidade Federal do Acre (Ufac). O curso obteve média de 5.368 com 7.189 candidatos inscritos. As médias dos cursos foram divulgadas pela reitoria da instituição na sexta-feira (5).
Em segundo lugar ficou o curso de Engenharia Civil com 5.112 pontos e 1.695 candidatos inscritos. Na terceira classificação ficou Química com media de 4.977 e Direito com 4.943.
Das 50 vagas oferecidas no curso de Medicina apenas duas foram ocupadas por acrianos. Engenharia Civil apresentou outro cenário, das 50 vagas oferecidas 13 acreanos conseguiram a aprovação.
Em Química, a maioria foi por candidatos da terr,a e Direito apresentou cenário similar ao de Engenharia Civil: 19 candidatos acreanos.
O curso menos procurado em Rio Branco foi o de Artes Cênicas, com apenas 115 candidatos inscritos. O curso foi seguido por Licenciatura em Letras/Espanhol com 102 candidatos e Física com 131 inscritos.
Em Cruzeiro do Sul, o menos procurado foi Licenciatura em Letras/Espanhol com 81 candidatos, seguido por Licenciatura em Letras/Inglês com 101 candidatos inscritos.
A lista dos aprovados no vestibular da Ufac foi divulgada na sexta-feira (5) no portal da instituição. O vestibular aderiu ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e 35 mil pessoas se inscreveram para o certame. O início das aulas está previsto para 1º de março. (Ana Paula Batalha)
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