segunda-feira, 7 de maio de 2012

A PTeopatia não tem cura tem que mata

Quando setores da sociedade cunharam o termo “Malufismo”, lá nos suspiros finais da ditadura militar, ocorria algo muito comum nesse universo de santos, capetas e outras fantasias do imenso carnaval que é a política brasileira.
A incapacidade terminológica, a falta de termos precisos que se ajustem a novas realidades faz com que aqueles mais atentos e versados em inovar, geralmente sociólogos ou repórteres, lance no mundo das palavras expressões arrojadas, outras vezes bizarras e engraçadas, mas que, num desespero de nomeação, servem para compreender e explicar o que se vive naquele determinado momento histórico.
Enquanto besouro desorientado, monstro de boca grande, reunindo intelectuais que não usavam shampoo, o Partido dos Trabalhadores era apenas mais um dentre tantos que criticaram os ajustes necessários, comandados pelo presidente “culto” que tivemos no final do século passado e que soube tolerar e respeitar, aceitando o pluralismo político, uma gralha vermelha que só sabia criticar.
Chegando ao poder nas iniciais do século XXI, o Partido dos Trabalhadores, agora mais brando, eliminando os alto-falantes, os versos prontos e o rosto de mendigo intelectual, aliando-se a divergentes setores da sociedade brasileira como, UJS e banqueiros, atores da Globo e Sem Terra, Rei de paus e Ás de copa, não sabiam precisamente a alquimia correta para transformar palavras e palavrões em atitudes que dessem segurança e respeito aos avanços conquistados.
É aqui, nesse momento confuso e cheio de desilusão, que encontro cenário adequado, propício mesmo, para o surgimento do termo PTeopatia.
Mas o que é a PTeopatia?
Bom, primeiramente não devemos negar as qualidades da gestão do Partido dos Trabalhadores pelo Brasil afora. Existem, é verdade, mas nenhuma que se afaste de meros atributos administrativos, pagar em dia, por exemplo. Nada de sobrenatural, apesar de que eles reclamam caráter ideológico nisso. Doentes, não conseguem entender que esses atos de gestão não podem ser vistos como uma espécie de Revolução Russa Cabocla.
PTeopatia é um estado espiritual em que se verifica que a pessoa acometida por ele apresenta uma alta consciência de que, por não ter projetos políticos bem definidos, desconhecer os princípios da máquina pública, precisa repetir essa palavra sempre que for chamado a justificar sua prática administrativa. Sabem que, em plano nacional, apenas deram continuidade aos fundamentos sociais montados com sua anterior e prévia discordância.
Como a barata, que de qualquer verde enxerga “Detefon”, tudo é sinal de conspiração. Simples informações divulgadas por um jornal são resultados de uma política imperialistas, formada com a ajuda do capital financeiro internacional que se encontra nas mãos de avarentos judeus.
A PTeopatia, como fundamento psicológico, leva as pessoas a serem agressivas e arrogantes. Só eles estão certos. As oposições não merecem respeito e, de tudo o que elas falam, a única coisa que se aproveita é seu silencio. Em graus mais elevados dessa deformidade mental, certos sujeitos gostariam de trocar o estado de direito por algo mais sensível, como um fuzil de Assalto russo AK-47, transformando o “15 de novembro” em um grande outubro sangrento.
A PTeopatia também se verifica no cinismo exacerbado, falta de percepção visual para o errado e agudo senso auditivo para captar as mais elementares divergências. Os enfermos já demonstraram também ter um gênio criativo e inovador. Rompendo com os costumes existentes, inovaram, por exemplo, no local de se guardar dinheiro. Se antes era embaixo do colchão, quem sofre de PTeopatia vem gradativamente optando por cuecas, dutos e outras peças.
A PTeopatia tem certas semelhanças com ideologias passadas. Nas terras de Laura Pausini e Beethoven essas doutrinas políticas buscavam encontrar a verdade, dizendo reiteradas vezes a mentira. Aqui no Brasil, os PTeopatas dizem: não houve Mensalão, não há corrupção, estamos no caminho certo, o Acre passa por uma revolução profunda, não é imoral a pensão paga para ex-governadores, Plácido de castro é botafoguense, Stalin foi primeiro turco de Seul a chegar à lua.
A PTeopatia também possui coerência com outras doenças. Os escândalos, nepotismo, a falta de postura mais sensata, o desrespeito às leis e à vontade popular, mostram que quem sofre de PTeopatia se iguala a tudo que tinha de ruim na política brasileira. São águas da mesma CACHOEIRA. Com um agravante, o doente de PTeopatia bebe e se farta sem admitir que pisou na margem do rio. Cara de pau.
Sem hesitar, haveremos de vislumbrar certo receio! As eleições estão próximas! A PTeopatia deve ser destruída para o bem desse próprio Partido, que quer ser dos Trabalhadores, e seus pequenos amantes: aquele monte de siglas iniciadas com “P”, sufocados pelos encantos da jiboia maior, que os levam a não servir de ”P” nenhuma.
Aceitar essa doença é fazer a difícil dosagem de sabedoria e humildade. É evitar um crescimento rumo à espada que lhe espera sobre a cabeça.
A reflexão sobre o partidarismo no Acre deve ser em cima de fatos, não de ideologias traquinas, mentalidades caolhas, frases bastardas e anseios de ressurreição do Éden. As análises se equivocam não porque os focos mudaram, mas sim porque os pontos de onde se ver se modificaram. O poder oferece a soberba. Existem erros, muitos. Não somo tontos! É necessário mudanças.
Para os que sofrem de PTeopatia, um alerta: saber acordar é tão importante como escolher a cama para dormir. Há tempos vocês dormem, mergulhados em certezas de amor pago. Enganados como o cego que sente o dia pelo calor da lareira acesa à noite. Mas isso não será para sempre. Não, não será para sempre!
FRANCISCO RODRIGUES f-r-p@bol.com.br

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