terça-feira, 12 de março de 2013

O que fazem e por onde andam os ex-prefeitos depois que deixaram o poder?

Luciano Tavares – da redação de ac24horas
lucianotavares@ac24horas.com
Dois meses depois de deixarem a gestão em seus municípios, onde andam e o que fazem os ex-prefeitos que entraram para a história do Acre como a pior safra de administradores municipais do estado?
ac24horas procurou saber qual o paradeiro e o que estão fazendo atualmente, os 18 ex-prefeitos fora do executivo municipal.
Parte deles voltou para o serviço público. Outros esperam indicação para cargos no governo do Estado. Alguns se dedicam em seus negócios e há ainda os que ficaram desempregados, sem renda, e choram um olho e remelam o outro para serem vistos por Sebastião Viana.
Foi um fiasco - Professora do quadro da educação do Estado, a ex-prefeita de Assis Brasil, Eliane Gadelha (PT) continua morando no município, onde deve assumir um cargo no núcleo estadual do setor. Ela administrou a cidade durante quatro anos, mas não conseguiu se reeleger. Perdeu as eleições para o tucano Doutor Betinho, mesmo com um caminhão de dinheiro e benefícios oferecidos por petistas.
Eliane teve uma passagem conturbada pela prefeitura. No mês de março do ano passado a gestora foi condenada pelo TCE a devolver aos cofres públicos municipais a importância de R$ 52.010,76, correspondente à concessão de diárias sem a comprovação do interesse público. Após deixar o cargo ela foi acusada por seu sucessor, Betinho, de atrasar as contas do município e deixar a prefeitura sucateada. A petista responde a várias denúncias de improbidade administrativa.
A dama do Alto Acre - A petista Leila Galvão que deixou a prefeitura de Brasileia  após oito anos de mandato, também é professora concursada do Estado, mas não deve voltar a sala de aula. Pelo menos por enquanto. O governador Sebastião Viana informou que tem planos para a sua principal cabo eleitoral na região. A própria Leila informou que poderá assumir o setor de obras do governo para o Alto Acre. Esse setor será responsável por obras como a reabertura de ramais e ruas do povo. Há também rumores de que ela será candidata a deputada estadual em 2014.
A ex-prefeita de Brasileia é acusada pelo atual prefeito da cidade, Everaldo Gomes (PMDB), de abandonar máquinas em um ramal na zona rural e de dar fim em arquivos da prefeitura. Na cidade também se comenta de que ela e o marido conseguiram comprar grandes áreas de terra na região e que hoje investem em criação de gado.
zeron<<< Desprestigiado até pela família – O comerciante José Ronaldo (PSB) deve se candidatar a deputado estadual. Farmacêutico, o ex-prefeito de Epitaciolândia ainda está indeciso sobre ao que irá se dedicar após sair da prefeitura. Seu egoísmo o deixou sozinho. Hoje não tem apoio da família, dos ex-aliados e muito menos do governo.
José Ronaldo foi prefeito durante oito anos. Em agosto do ano passado ele foi condenado a devolver aos cofres do Município mais de R$ 4,3 mil por pagar diárias ilegais. Durante as eleições teve arranhada sua relação com o governador Sebastião Viana por não apoiar o candidato do PT, Marcus Fernando, e ter lançado Tião Flores como candidato a prefeito pelo PSB, que ficou em terceiro colocado nas eleições. Negou-se também a apoiar o sobrinho André Assem, que mesmo contra a sua vontade tornou-se o prefeito da cidade.
Bom homem, ruim político – O agrônomo Bira Vasconcelos, ex-prefeito de Xapuri, pelo PT, é servidor da Secretaria de Agropecuária do Estado. Ele deve voltar ao setor como assessor direto do super-secretário de agricultura e produção, Lourival Marques.
A marca mais negativa de Bira foi a sua falta de habilidade política para se reeleger prefeito da cidade. Mesmo com o governo do Acre investindo pesado através de programas como o Ruas do Povo, ele perdeu a prefeitura para o tucano Marcinho Miranda. Homem simples, de bom caráter, parece não ter sentido falta do poder.
Não deixou saudades – O também petista Joais Santos, ex-prefeito de Capixaba, é professor do Município. Ele administrou a cidade durante  oito anos, e volta a dar aula ainda este mês. Joais coleciona condenações no TCE. Em uma delas ele é obrigado a devolver aos cofres públicos mais de R$ 90 mil, por transferência de saldo de um ano para outro sem comprovação. Também há denúncias de desvio de recursos públicos e na cidade é conhecido como “um prefeito preguiçoso”.
Ele também é acusado pelo atual prefeito de atrasar pagamentos, dar fim em arquivos da prefeitura e abandonar as máquinas do Município numa propriedade particular.
Paulinho
Ele tá solto – O empresário Paulinho Almeida (PT) foi prefeito de Plácido de Castro durante oito anos. Hoje fora do poder ele cuida de seus negócios, entre eles um posto de gasolina na cidade.
Paulinho saiu da prefeitura, mas fez seu sucessor, o socialista Roney Firmino (PSB), que depois de eleito prefeito de Plácido passou a acusar o petista de ter deixado o Município inadimplente.
O ex-prefeito placidiano foi condenado pelo Tribunal de Contas do Estado, no mês de novembro do ano passado, a devolver aos cofres do Município mais de R$ 40,1 mil por não comprovar pagamento de diárias e deixar de aplicar os recursos do Fundeb como determina a Lei. Vereadores da oposição acusaram Paulinho de compras sem licitação de empresas da sua família. Para muito ele deveria ter sido precessado e preso, mas ele está feliz e solto.
Prefeito por acaso – Clovis Moretti (PMN), ex-prefeito de Acrelândia, é comerciante e fazendeiro. Atualmente ele se dedica a seu comércio na cidade e a suas terras que possui na zona rural do município.
Moretti assumiu a prefeitura de Acrelândia, em março de 2011, num momento complicado, após a prisão do então prefeito Carlinhos César, condenado pela Justiça como mandante da morte do ex-vereador Pinté.
Entre as denúncias contra o ex-prefeito Moretti está a da contração de professores fantasmas. A denúncia foi feita no ano passado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Município ao Ministério Público, que abriu inquérito para apurar o caso.
A espera de um milagre – João Edvaldo Teles, o Padeiro, deixou a prefeitura do Bujari, após perder nas urnas para o pepessista Tonheiro. Mas como é um home de fé, continua a espera de um milagre: ser indicado por Sebastião Viana para um cargo no Deracre, que segundo se comenta seria a representação do setor no município de Porto Acre.
Padeiro é outro ex-prefeito que não escapou do TCE. Em 2012, ele foi multado no valor de quase R$ 2 mil, por pagar horas extras a uma servidora do Município, mas que havia sido cedida por convênio a prefeitura de Porto Acre.
Enfermeiro profissional – Servidor de carreira da Fundação Hospitalar do Acre, o ex-prefeito Nilson Areal deve voltar a trabalhar apenas em abril, mas não sabe se na saúde. Possivelmente, ele irá coordenar “alguma ação de governo na região (de Sena Madureira)”, diz.
Entre os prefeitos, Nilson Areal foi um dos que teve passagem mais conturbada na administração municipal. Foi cassado, voltou ao poder, mas responde a vários processos. Entre eles pelo sumiço de mais R$ 1,4 mi – de recursos não declarados de um convênio com o Ministério dos Transportes.
No final de seu mandato no ano passado, Areal foi afastado, outra vez, da prefeitura pela Justiça, acusado de manter funcionários fantasmas no Município. Mas apesar da avalanche de denúncias, ele ainda conseguiu ajudar a eleger Mano Rufino, prefeito de Sena.
Nos últimos dias tem se dedicado a esposa que sofreu um acidente automobilístico. Também tem reservado tempo para discutir com advogados estratégia para defesa dos mais de 10 processos que enfrenta na justiça, Tribunal de Contas da União e Tribunal de Contas do Estado.
Em Manuel Urbano, o ex-prefeito Chico Mendes (PSB) deverá voltar a trabalhar no Município. Ele é servidor da Secretaria de Serviços Urbanos, mas por enquanto ainda não voltou ao trabalho.
Chico Mendes – Em outubro de 2012, Chico Mendes foi cassado e condenado ao pagamento de multa pela juíza da 3ª Zona Eleitoral, Zenice Mota Cardozo. O ex-prefeito, segundo denúncia do MPE teria contratado 35 servidores de forma irregular na intenção de obter vantagem no processo eleitoral.
Por causa da condenação Mendes se tornou inelegível e impedido de concorrer a cargo eletivo durante oito anos.
Rei do Baralho – O petista José Brasil, ex-prefeito de Santa Rosa, é servidor municipal, mas não voltou ao trabalho. Depois que saiu da prefeitura ele passou a dedicar-se a suas terras que possui no município. Nas horas vagas reserva tempo para juntar-se a amigos em uma casa de jogo em Sena Madureira, onde é conhecido como o Rei do Baralho.
Zé Brasil também é outro ex-prefeito enrolado com a Justiça. Em 2008, de acordo com acusação do Ministério Público Eleitoral, quando concorreu ao cargo de prefeito durante as eleições, José Brasil fez doações de dinheiro e telhas em troca de votos.
Ele foi condenado à pena de um ano e dois meses de reclusão em regime aberto. No entanto a punição foi substituída por multa, no valor de R$ 3 mil, a ser destinada à Pastoral da Criança de Santa Rosa do Purus.
Vida humilde – Hilário Melo, ex-prefeito do Jordão, administrou o Município por oito anos. Hoje se dedica a suas colônias. Ele é pequeno criador e vive da venda de gado e do salário da esposa. “Estou descasando um pouco. Aqui acolá vendo um gado para comprar alguma coisa e minha mulher também me ajuda. Saí da prefeitura mais pobre do quando entrei”, garante “seu” Melo, como é conhecido na cidade.
Por investir apenas 18,25% da receita corrente líquida (dinheiro arrecadado) na Educação, Hilário Melo teve as contas de 2007 reprovadas, pelo TCE e foi condenado a devolver mais de R$ 3, 5 mil aos cofres municipais.
Ele também responde a processos judiciais por improbidade administrativa.
Neuzari SAM_1377<<< Homem Bombril – Neuzari Pinheiro (PT), ex-prefeito de Porto Walter, abriu um restaurante na cidade. Não quer mais saber de política. Mas não é por gosto. Ele é ficha suja. Foi preso em abril do ano passado pela Polícia Federal acusado de distribuir terras da União a familiares.
Respondendo vários processos, Neuzari se dedica apenas ao pequeno comércio.
Quando Neuzari saiu da prefeitura assumiu no lugar dele o relojoeiro Zezinho Gadelha, que permaneceu no mandato até 31 de dezembro de 2012.
Mas Zezinho Gadelha, não deve voltar a consertar relógios. Ele foi convidado pelo prefeito do Jordão, Elson Farias (PCdoB), para assumir um cargo na prefeitura. Os dois são do mesmo partido e amigos antigos.
Piloto sem avião – Outro ex-prefeito enrolado é Randson Almeida (PMDB), de Marechal Thaumaturgo. Piloto de avião, o peemedebista não está exercendo a atividade e vive da aposentadoria de seu pai, ex-sargento da Polícia Militar. Está desempregado porque quando foi prefeito contratou serviço das pequenas empresas aéreas mas não pagou. Também brigou com a maioria dos empresários do ramo porque teria comprado um avião para prestar serviços a prefeitura.
Randson foi preso pela Polícia Federal em março de 2012, por desviar R$ 3 milhões do Fundeb, recurso que seria destinado a investimentos na Educação.
No mês passado, durante julgamento no TCE, os conselheiros decidiram condená-lo a devolver aos cofres públicos os R$ 3 milhões.
Depois de preso, Randson foi substituído por seu vice Maurício Praxedes (PSDB), que ficou como prefeito até 31 de dezembro do ano passado. Responsável pela queda e prisão de Randson, Praxedes foi um dos piores administradores que a cidade já teve. Entupiu a prefeitura de amigos, mesmo assim não conseguiu se eleger. Hoje vive da renda do aluguel de imóveis que tem em Cruzeiro do Sul.
Oficial no posto – O tucano Dindim Pinheiro comprou uma casa em Rio Branco, no bairro Tucumã, depois que saiu da prefeitura de Feijó. Auxiliar judiciário, ele trabalha durante a semana no fórum da cidade e passa os finais de semana com sua família na capital.
Em dezembro de 2012, o promotor de justiça de Feijó, Bernardo Albano, propôs uma ação civil pública por ato de improbidade administrativa contra o ex-prefeito por causa de um contrato sem licitação firmado entre a prefeitura e uma associação local.
Era conhecido como o dono de Feijó, onde costumeiramente bancava festas milionárias as custas do dinheiro público. Polêmico e egocêntrico, chegou a dizer em entrevista que era o único membro da oposição capaz de derrubar o reino dos vianas. Como castigo amargou um derrota fragorosa para Merla Albuquerque, filho do seu principal rival, Francimar Fernandes.
Nos trinques – A advogada Marilete Vitorino, ex-prefeita de Tarauacá, pelo PSD, irá abrir um escritório de advocacia no município. Ela é servidora municipal do setor de assessoria jurídica e da Educação, mas pediu licença para se dedicar à vida privada.
Marilete foi multada no mês de janeiro deste ano em R$ 3,5 mil, pelos conselheiros do TCE, porque deixou de comprovar a publicação do relatório resumido de execução orçamentária do quinto bimestre de 2011. Ela foi prefeita por acaso, quando substituiu Wando Torquato, afastado do cargo pela justiça sob a acusação de desvio de dinheiro Público. Mulher fina e acostumada a andar no trinques, Marilete foi vítima de sua impopularidade.
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Esperando sentado – O ex-prefeito de Porto Acre, Zé Maria (PT) está desempregado. Disse que ainda está descansando e espera “sentar” com o governador Sebastião Viana para definir onde irá trabalhar.
Zé Maria não deixou saudades em Porto Acre. No final de seu mandato ele atrasou os salários dos servidores, e foi acusado pelo atual prefeito Carlinhos da Saúde de deixar o Município sucateado, com conta de luz atrasada, energia cortada e devendo fornecedores. Porém, ele desmente todas as denúncias contra a sua pessoa.
Aposentadoria chegou cedo – O professor de economia aposentando da Ufac, Raimundo Angelim está trabalhando no Estado. Ele foi nomeado nesta quarta-feira, como assessor especial do governador Sebastião Viana.
Por sua experiência na presidência da Associação dos Municípios do Acre, cargo que ocupou por vários anos, ele terá a responsabilidade de dialogar com os prefeitos em nome do governo.
Como prefeito de Rio Branco, Angelim executou obras importantes. Trabalhou e conseguiu boa aceitação popular, mas pecou por ser um prefeito de gabinete, ausente dos bairros periféricos da capital. Ele se gaba até hoje de não responder a nenhum processo como gestor, o que realmente foi uma raridade entre os últimos prefeitos. Mas muitos preços de obras e contratos foram questionados.
 

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