segunda-feira, 18 de julho de 2011

Comunidade usa calçada como banheiro no prédio velho e invadido pelo mato na Defensoria Pública em Cruzeiro do Sul

Acordar as quatro da manhã para tentar uma ficha e conseguir atendimento na Defensoria Pública em Cruzeiro do Sul não é o único sacrifício que precisa fazer quem precisa de dos serviços advocatícios gratuitos do estado.
O reduzido numero de defensores para atender uma demanda de quarenta pessoas diariamente nem de longe é o principal problema que enfrenta quem recorre aquele órgão público.
Foi por isso que o ex-motorista Francisco Araújo Dias, de 41 anos não conseguiu a tão sonhada ficha. Ele chegou no prédio ás 5 da manhã, como ninguém o ajudou a subir, ele perdeu a oportunidade de conversar com um dos defensores. Desolado, o homem que tenta uma aposentadoria depois de ter ficado paraplégico ao sofrer um acidente de transito, chorava inconformado.
“As pessoas com saúde já tem dificuldade, imagine um cadeirante igual a mim. Isso é vergonhoso. Cadê meus direitos como cidadão?”, perguntava ele.
Mas os problemas não param por ai. Na parte lateral e nos fundos do prédio, o mato cobre parte do telhado, e os banheiros, esses estão imprestáveis. O prédio onde funciona a Defensoria Pública na maior cidade do Vale do Juruá deveria ser interditado pela Vigilância Sanitária. Isso porque os banheiros não oferecem qualquer condição para uso. Por causa da fedentina e da sujeira, a comunidade foi obrigada a fazer da calçada o banheiro provisório. As mulheres, principalmente, são obrigadas a fazerem xixi do lado de fora do banheiro.
“Isso é humilhação. Ninguém vê como a gente é tratada aqui. Será que existem alguma autoridade que se importa com a população do Juruá?”, perguntava indignada a viúva Maria Rosaides Pereira.
Pescador está há sete meses esperando atendimento
Problemas estruturais á parte, o atendimento também é preocupante. Hoje apenas dois defensores atuam em Cruzeiro do Sul. Para se ter uma idéia do sofrimento de quem procura a Defensoria, vamos conhecer o drama do pescador Eládio de Sousa. Ele mora no rio Boa Fé, seringal Esperança, distante um dia de viagem de barco de Cruzeiro do Sul. Em janeiro, quando estava pescando em um lago da região, teve uma espingarda e uma moto serra apreendidos por fiscais do Ibama. O pescador afirma que possui registrado do material apreendido, mas como não portava os documentos na hora, perdeu os utensílios.
“Desde de janeiro eu venho aqui pra tentar falar com um defensor. Trouxe os documentos mas ainda não fui atendido. Não posso ficar vindo todo tempo pra cá. A viagem é longa e o gasto também. Preciso trabalhar pra sustentar minha família”, disse o pescador.
Aluguel de prédio novo é pago desde dezembro de 2010
Conforme o ac24horas já denunciou, a Defensoria Pública do Estado gasta mensalmente R$ 7 mil reais com o aluguel de uma sala em um prédio na Avenida Mâncio Lima. Na época da denúncia, o defensor geral Dion Nóbrega disse que a mudança de endereço aconteceria até maio. Estamos em julho e tudo continua como antes.
Jairo Barbosa – jbjurua@gmail.com Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.
De Cruzeiro do Sul

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