sábado, 22 de março de 2014

Ilhados em trecho alagado da BR-364, motoristas esperam socorro há dois dias

O caminhoneiro Valnir Valter e outros dois companheiros de viagem aguardam desde a manhã da última quarta-feira (19) serem resgatados no trecho de inundação mais extenso da BR-364, sentido Porto Velho-Rio Branco. A viagem foi interrompida por problemas mecânicos no caminhão frigorífico na tentativa de atravessar os 30 quilômetros de rodovia onde a lâmina de água já alcança 1,5 metro, de acordo com aferição feita pela PRF. Eles haviam sido orientados para não passar pela área alagada, segundo o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre em Rondônia, Fabiano Cunha.

O trio é responsável pelas 28 toneladas de carne bovina que saíram da capital acreana com destino a Santa Catarina.  Há poucos metros, um segundo caminhão baú, já abandonado e carregado de gêneros alimentícios em geral com destino à capital permanece parado. 

Todo o percurso inundado está interditado desde quarta (19). Os caminhoneiros fazem apelo emocionados por socorro. “Não sabemos como está essa carga (a carne). Se houve vazão para dentro da carroceria pela água contaminada, ou se ainda está conservada”, afirmou Valnir.

O veículo tem as portas traseiras travadas e a força das águas impede a aproximação inclusive pelas portas laterais. Os três homens tomam sol, chuva e não têm água potável para beber. Eles ficam em pé, deitados ou sentados sobre o teto do veículo, acenando, gritando para chamar a atenção dos poucos barqueiros que passam. Ali mesmo eles dormem.

A solução encontrada para manter a carga na temperatura ideal foi pagar, do próprio bolso, para que um barqueiro transporte óleo diesel desde a cidade de Nova Mutum, distante 16 quilômetros. “O dinheiro está acabando e não podemos abandonar a carga. O trecho é extenso e o motor do carro não pode ser desligado, do contrário a carne irá apodrecer”, disse Valnir.  “Nossa esperança era o envio de um trator, prometido pelo Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre]. Até agora não chegou”, reclamou Josinaldo Martins, motorista substituto, à reportagem de G1, que conseguiu chegar ao local por voadeira.

A comida também está escassa e a solidariedade dos que estão em situação semelhante faz a diferença. “A gente tem dó deles. Não tem como consertar o caminhão naquele mar de água. As promessas de socorro não saíram do papel”, criticou Raimundo Hermelino Silva Cavalcanti, um dono de voadeira que faz fretes para o distrito de Abunã e à Vila Jirau, comunidades onde só se chega, também, por meio de barcos a motor. (Texto e foto: Assem Neto, do G1/RO)
 

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